Professor Orlando de Carvalho Santana, nasceu em 29 de março de 1978, no município de Simão Dias, filho de José Freitas de Santana Filho e Maria do Carmo Ribeiro de Carvalho. Com característica típica de uma família humilde e com condições um tanto desfavorecidas, tem como objetivo profissional e pessoal minimizar as mazelas que afligem crianças e adolescentes no município de Simão Dias, principalmente.

Mesmo inconscientemente, o destino do menino pobre já estava traçado, contudo muitas etapas ainda precisavam ser superadas. Uma vida sofrida, e igual a tantas outras, mas diferente na determinação. Orlando de Carvalho perdeu seu pai ainda adolescente vítima de um câncer, aos 14 anos, viu-se com a responsabilidade em superar os desafios da vida, juntamente com sua mãe. Sendo este momento crucial no seu amadurecimento como homem forte e filho exemplar que se tornou.

Realizou os estudos primários na sua cidade natal, mais precisamente Colégio Cenecista “Carvalho Neto”, terminando o segundo grau no Colégio Estadual “Dr. Milton Dortas”. Atento às questões sociais, aos 15 anos de idade, em 1993, tornou- se Coordenador do Ministério de Jovens da Igreja, denominada Assembleia de Deus, em Simão Dias, liderando atividades voltadas à evangelização para crianças e adolescentes.

Em 1996, aos 18 anos de idade, foi aprovado no processo seletivo da UFS, no curso de Pedagogia. Tendo seu sonho realizado, Orlando de Carvalho, destaca-se durante sua formação, tornando-se presidente do diretório acadêmico do referido curso, confirmando, ainda, ser um jovem com visão política significativa. Conheceu inúmeras pessoas durante as idas e vindas da Universidade Federal de Sergipe, a exemplo de Abraão da Conceição, acadêmico da mesma instituição.

Amizade essa, que se concretizou a partir da fundação em sua cidade (Simão Dias) do PCdoB3, em 1998, promovendo cursos de formação para jovens líderes de sala e professores, baseado na Obra: O CAPITAL, do intelectual alemão do século XIX, Karl Marx, principalmente. Os ideais comunistas despertaram á atenção nos jovens acadêmicos, que se sentiram identificados com as ideologias contidas nas teorias propostas pelo partido. Na perspectiva de discutir e intervir nos problemas que afligiam, sobretudo crianças e adolescentes deste munícipio.

Diante de tais fatores, educacionais, religiosos e políticos, Orlando de Carvalho não se sentia completo e satisfeito. Foi assim que em 2001, preocupado com a violência e principalmente com a prostituição infantil, busca uma alternativa pertinente, pra cessar essa problemática, participando do “Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente”, além de tornar-se Diretor Municipal de Cultura, e foi a partir deste momento que ele marcou seu nome na história do município de Simão Dias. Sua preocupação e dos seus colaboradores, era fazer com que essas crianças e adolescentes não ficassem vulneráveis a essas mazelas sociais, ou seja, possibilitar alternativas para aqueles que não tinham perspectiva de vida.

A partir deste momento, criou-se o Projeto RECA (Reconstrução do Espaço da Criança e do Adolescente), nome dado em homenagem a sua avó, uma vez que esta denominava um grupo de crianças reunidas como: “Reca de meninos”. Assim, com a criação desse espaço de caráter sócio-educativo e que visa assistir as crianças e os adolescentes da rede pública de ensino, através de oficinas de caráter terapêutico e ocupacional em funcionamento no contra turno, objetivando assim, fortalecer a ideia de educação em tempo integral e combatendo as mazelas sociais que afligem crianças e adolescentes em seus horários ociosos, tendo como exemplo: envolvimento com drogas, álcool, gravidez na adolescência, trabalho infantil, prostituição infanto-juvenil, foi sua maior realização.

O projeto iniciou com a clientela de 84 crianças e adolescentes com envolvimento em atos inflacionários. Nesse sentido, respeitando, dentre outros princípios legais do direito, o do devido processo legal, Orlando de Carvalho Santana enfrentou todas as dificuldades em prol de um sonho: o de tornar o Projeto (RECA) num espaço de escuta, onde as crianças fossem as principais protagonistas.

Ocorre que para implantação inicial do projeto não foi encontrado nenhum imóvel que atendesse as condições necessárias para o acolhimento destas crianças e adolescentes, em situação de vulnerabilidade social. Em razão da situação emergencial em que se deparam estas crianças, conselheiros decide pelo aluguel de um imóvel do Sr. Alexandre do Nascimento Barreto. Localizado no Povoado Pastinho, município de Simão Dias, com mensalidade de R$ 180,00 (Cento e Oitenta Reais) sem reajustes mensais ou anuais como combinado.

Os reparos necessários foram feitos com recursos do Fundo Municipal Dos Direitos da Criança e do Adolescente, onde tinha como desígnio o melhoramento do espaço, para atender melhor as crianças e adolescentes.

Sabe-se que o Projeto RECA tem um caráter socioeducativo que visa assistir crianças e adolescentes da rede pública de ensino, para dar suporte legal aos mesmos, busca no ECA- Estatuto da Criança e do Adolescente suporte para lhes assegurar o pleno direito de oportunidade ao desenvolvimento físico, moral, espiritual e social em condições de liberdade e de dignidade.

É sabido que cabe ao poder público efetuar a adequação dos programas e serviços já existentes ao atendimento preferencial é obrigatório à população infanto- juvenil conforme vistos nos citados artigos 227, caput, da CF e artigo 4º, caput do ECA4.

Por meio deste estatuto, professor Orlando de Carvalho garantiu a criação do espaço de reconstrução de crianças e adolescentes, onde pôde ver a materialização do seu sonho, com a perspectiva de contribuir no desenvolvimento sócio-educacional de jovens, antes encontrados em situações de risco.

No período enquanto acadêmico, o jovem foi convidado a lecionar na escola onde fora aluno: Colégio Cenecista “Carvalho Neto”, local onde pôde enfim, mostrar suas habilidades inovadoras como professor, trazendo discussões que, muitas vezes, dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências.

Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.

chocava, surpreendia e polemizava sendo fonte de inspiração para professores e alunos da referida escola.

Em 2003, Orlando foi reeleito presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente – COMDICA, onde expandiu seu projeto chegando a atender 350 crianças e adolescentes não só da cidade, mas de adjacentes que necessitavam de maior atenção do poder público. Nesse período, o projeto RECA já se tornara modelo para muitos locais do estado.

Ainda em 2003, o professor Orlando de Carvalho Santana, alcançou mais conquistas: tornou-se funcionário público estadual do município de Japaratuba. E, nesse contexto, iniciou seu mestrado em educação pela Universidade Federal de Sergipe em 2004, defendendo no final de 2006 sua dissertação para obtenção do Grau de Mestre em educação, com o seguinte tema: “A Proposta Educativa do Comitê para a Democratização da Informática em Sergipe”.

Em 2005, não podendo mais ser reeleito presidente do COMDICA, Orlando passou a ser coordenador geral do projeto RECA, podendo continuar suas atividades e sua luta junto à criança e ao adolescente. Convidado pelo Prof. José Wilson dos Santos5, passou a ser professor universitário e posteriormente coordenador do colegiado de Pedagogia na Faculdade de Ciências Humanas e Sociais – AGES, onde, hoje, possui um auditório que leva o seu nome.

No início de 2007, sua vida estabelece mais uma barreira: a luta contra o câncer. No Hospital João Alves Filho, em Aracajú, já fraco, Orlando não deixou de enxergar o outro e, como forma de amenizar o sofrimento dos que também estavam ao seu redor, incentivava todos a cantarem músicas que alegravam o seu coração. No entanto, ao decorrer do tempo cantar já não era possível, mas seu olhar ainda ensinava que a vida é pra ser intensamente vivida. Mas, infelizmente, em abril de 2007, aos 29 anos, ele faleceu.

                Portanto, conhecido por seu imenso poder de oralidade, por usa inteligência, por seu empenho social e político, em especial, por sua alegria de viver, Orlando tornou-se, nos lugares por onde passou, um grande mestre da vida, inspiração para jovens, professores, amigos e familiares. E por essa razão, tornou-se inesquecível para todos os que tiveram oportunidade de conhecê-lo. Orlando de Carvalho Santana, partiu desta vida, mas deixou ensinamentos e mensagens de otimismo e fé, sobretudo para os menos favorecidos.

                Abraão da Conceição é professor, advogado e psicoterapeuta. Natural de Lagarto, Sergipe, nascido em 22 de novembro de 1979, também possuidor do Título de Cidadania Simaodiense outorgado pela Câmara Municipal de Vereadores.  Tem se destacado por sua atuação em prol da educação, da juventude e da assistência social. Mestre em Educação, Licenciado em Letras Português/Espanhol e História, e Bacharel em Direito. Com as seguintes especializações: Neuropsicologia Clínica, Direito Educacional e Gestão Escolar, Direito Administrativo, Direito Processual Penal, Direito Eleitoral, Novas Tecnologias Educacionais, Educação Ambiental com Ênfase em Espaços Educacionais Sustentáveis, Docência do Ensino Superior, Terapia Transpessoal Sistêmica (TTS).

                Atua no Conselho Municipal da Criança e do Adolescente de Simão Dias, onde tem sido um defensor ativo de políticas públicas voltadas para a infância e a adolescência. Ele também tem se empenhado no fortalecimento de organizações da sociedade civil, como a Associação de Defesa da Criança e do Adolescente (Adeca), sendo sócio-fundador, que desenvolve o Projeto Reca, voltado para a promoção da educação, saúde, inclusão social, musicalidade e cidadania entre jovens em situação de vulnerabilidade social. Quando vereador foi autor da lei aprovada e sancionada que Reconhece o Projeto RECA como política pública municipal (Lei nº 923/2021). Em 2001, juntamente com o saudoso Professor Orlando de Carvalho Santana, idealizou o Projeto RECA que hoje é realidade transformando a vida do público infanto-juvenil de Simão Dias na zona urbana e na zona rural.

                Desempenhou as funções de Coordenador Pedagógico e Diretor da DRE02/SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO, foi Assessor Jurídico da SEED/SE, lecionou nas unidades de ensino: Escola Municipal “Laura Silva”, EE “Manoel Sobrinho”, CREJA “Marcos Ferreira”, CE “Lourival Baptista” e CE “Fausto Cardoso”.